Ao final dos anos 1900, César A. Guarita casou-se com Edwiges. O casal teve 12 filhos, entre eles Dário, nascido em 19 de maio de 1905. Aos 21 anos bacharelou-se em Direito e, em março de 1927, assumiu o cargo de 1.º Tabelião e Escrivão de Araçatuba, então conhecida como “Comarca Boca do Sertão”. Em 1936 casou-se com Margarida de Almeida, com quem teve três filhos: Cesar Luís, Sônia Helena e Dário Filho.
Carreira pública e liderança
Ainda jovem, Dário destacou-se como liderança local. Foi Capitão Subcomandante do 4.º Batalhão do Regimento Nove de Julho e, como tabelião, deixou forte marca no cotidiano da vida pública araçatubense. Sua atuação ia além do cartório: ele se envolveu em questões de infraestrutura e desenvolvimento regional, apoiando projetos do DER, DERSA e DAESP que beneficiaram o Noroeste Paulista.
Fazenda Guarita e pioneirismo no campo
Como proprietário da histórica Fazenda Guarita (desde 1918), Dário construiu uma trajetória sólida no campo. Foi um dos primeiros pecuaristas a introduzir o gado da raça Nelore na região, em 1945, além de difundir o uso do capim colonião, contribuindo para a modernização da pecuária.
Associativismo e instituições
Dário Guarita foi pioneiro do associativismo rural no Brasil. Fundador do SIRAN — Sindicato Rural da Alta Noroeste, também ajudou a criar a Confederação Rural Brasileira e a Associação dos Criadores de Gado Nelore. Foi associado nº 5 da COBRAC e, em 1965, representou o país em missão parlamentar à Índia e ao Japão.
Sua atuação abriu espaço para que o Brasil fortalecesse suas instituições agropecuárias, tornando-se referência na pecuária de corte.
O Frigorífico T. Maia
Em 1951, após criticar a ausência de frigoríficos no plano federal, Dário liderou, junto a outros pecuaristas, o movimento pela criação do Frigorífico T. Maia, inaugurado em 1957. Poucos anos depois, em 1959, a empresa venceu uma concorrência internacional e passou a fornecer carne às Forças Armadas dos Estados Unidos, estacionadas na Alemanha. Esse feito colocou Araçatuba e a pecuária regional em destaque no cenário mundial.
Missões diplomáticas e empresariais
A experiência de Dário o levou além das fronteiras nacionais. Em 1952 participou de uma missão diplomática e econômica brasileira que resultou na instalação de grandes indústrias no país, como Volkswagen, Brown Boveri, Manesmann, Sulzer, Ciba e Bayer. Também atuou na diretoria do Sindicato da Indústria de Frios do Estado de São Paulo e no Conselho Representativo da Indústria Nacional.
Homenagens e reconhecimento
Por sua trajetória, recebeu a Medalha Comemorativa do Cinquentenário da Revolução Constitucionalista de 1932 e a Medalha Comemorativa do Centenário de Nascimento de Joaquim Batista Ferreira, outorgada pela Câmara de Jaboticabal. Em 1981, foi homenageado pela Câmara Municipal de Araçatuba com o Título de Cidadão Araçatubense. Em seu discurso, citou a célebre frase do índio americano: “Enterrem meu coração na curva do rio”, revelando sua ligação profunda com a cidade.
Aposentadoria e legado
Dário aposentou-se em 14 de julho de 1968, passando a viver em São Paulo, mas jamais deixou de se identificar com Araçatuba. Sua memória foi eternizada em 1991, quando o aeroporto da cidade foi reinaugurado com o nome de Aeroporto Estadual Dário Guarita, reforçando a importância de sua vida e obra para o desenvolvimento regional.
Mais do que fazendeiro, tabelião ou líDER associativo, Dário Ferreira Guarita foi um visionário que ajudou a transformar a pecuária nacional e a projetar Araçatuba no cenário brasileiro e internacional. Sua história é, até hoje, símbolo de pioneirismo, empreendedorismo e amor pela cidade.





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