Casamento Pavan & Saran: amor e legado em Araçatuba. Recebemos um verdadeiro tesouro da memória araçatubense: a fotografia de um recorte original do jornal A Comarca, de 5 de novembro de 1971, preservado pela senhora Jacira Saran Denofre, filha de Angelina Maria Pavan e José Saran. Trata-se de uma emocionante “Crônica da Coluna”, que celebra os 50 anos de união do casal, ocorrido em 1921 na pequena capela do recém-nascido povoado de Araçatuba.
Mais do que um simples casamento, aquele 5 de novembro representou a união de duas Famílias Pioneiras que ajudaram a construir a cidade. José Saran, natural de Jardinópolis, chegou a Araçatuba por volta de 1911. Com espírito desbravador, dedicou-se ao cultivo da terra e à vida comunitária. Angelina Pavan, nascida em 1902, participou ativamente da vida rural, cuidando da lavoura e da família, enfrentando com coragem os desafios da época.
A Crônica publicada pelo jornal A Comarca narra com poesia o momento da cerimônia, descrevendo os pensamentos e emoções dos noivos, e contextualizando a importância da união para o desenvolvimento da cidade. Com o tempo, o casal formou uma família numerosa e respeitada.
Seus filhos
José e Angelina Saran tiveram sete filhos, que deram continuidade a esse legado de amor, trabalho e fé:
- Helena Saran Caparroz
- Jayme Saran
- Aparecida Maria Saran
- Jacira Saran Denofre
- Claudemiro Saran
- Waldomiro Saran
- Orides Gentil Saran
Hoje, a história dessa união é mantida viva por seus descendentes e por todos que valorizam as raízes da cidade de Araçatuba.
“OBRIGADO SENHOR! OBRIGADO PELA NOSSA UNIÃO! OBRIGADO PELOS FILHOS QUE TEMOS! OBRIGADO, MUITO OBRIGADO PELA FELICIDADE QUE JAMAIS NOS FALTOU.”
Essa lembrança, agora eternizada aqui no Memorias.me, é um tributo não apenas a José e Angelina, mas a todos os pioneiros que, com coragem e trabalho, ajudaram a transformar Araçatuba no que ela é hoje.






Leia o texto original
05 de novembro de 1921! A pequena capela do recém-formado povoado recebia os pioneiros para um casamento. Para muitos, um fato comum, corriqueiro mesmo, Porém, para o futuro, para aqueles que olhavam o progresso da cidade, a união entre as duas famílias representava muito. Não! Não se tratava de um simples casamento, embora à primeira vista, pudesse ser visto como tal. Isto porque duas Famílias Pioneiras iam se unir: Pavan e Saran!
Por isto, o dia 05 de novembro de 1921 não representava uma simples data no calendário do tempo. Representava o alicerce de um clã que estenderia os seus ramos, através dos seus descendentes, visando o amor à terra com as vistas voltadas para o futuro.
Defronte ao celebrante do enlace matrimonial, sob a imponência litúrgica do momento, o seus pensamentos voltaram ao passado. Nascera no dia 12 de maio do ano de 1896 na localidade de Jardinópolis, onde passara u’a meninice tranquila. Mas, embora igual a tantos meninos, com suas peraltices e traquinagens, sentia a necessidade de buscar outras terras, de trabalhar, de ajudar na construção do imenso país que buscava no Oeste do Estado de S. Paulo, a sua redenção, a sua procura pelo desenvolvimento. Lembrou-se do ainda perto ano de 1911 quando adquiriu uma área de terra na cidade que nascia e que havia recebido por nome: Araçatuba. Seus pensamentos evoluíram no tempo e recordou-se, perfeitamente bem, do dia 29 de junho de 1913 quando pela primeira vez pisou em solo araçatubense de onde nunca mais sairia. E naquele dia, naquele momento, ainda rememorou as primeiras lutas, as primeiras derrubadas para o amanho da terra que ja aprendera a amar.
E agora ali estava. Ao seu lado aquela que escolhera para ser a sua companheira, a moça que correspondera aos seus olhares de jovem apaixonado. A frente se encontrava o padre
falando. Literalmente, ele não entendia nada daquela língua, o Latim. Mas, pela expressão de alegria e contentamento sentia que uma grande parte de sua vida estava sendo concretizada.Ela também não se encontrava em atitude meramente passiva ouvindo o Padre falar. Seus pensamentos também regrediam no tempo e lembrava-se da data do seu nascimento: 10 de julho de 1902. Sua vida também tinha sido normal. As traquinagens comuns a u’a menina daquela época já tão distante. Não compreendia bem aquelas dificuldades iniciais de Araçatuba pioneira. As lutas contra os índios — os donos de terra. As imensas dificuldades para as primeiras plantações, as doenças que dizimavam os primeiros colonos. Mas, já menina ajudava mo trabalho da lavoura, fazia vezes de enfermeira quando graves epidemias tomavam os pioneiros e chegava mesmo a segurar em armas na defesa do patrimônio tão duramente conquistado pelos seus pais. Numa dessas oportunidades, Ele e Ela cruzaram os olhos e o amor nasceu…
Acordou de seu devaneio quando o Padre dizia: — Senhorita Angelina Pavan! Filha de Antonio Pavan e D. Rosa Saran Pavan! Aceita a José Saran como seu legitimo esposo de acordo com os rituais da Santa Madre Igreja?
— Sim! Aceito… balbuciou ela!Sr. José Saran – continuava o padre — filho de Antonio Saran e D Maria Rosane! Aceita como sua legitima esposa Angelina Maria Pavan de acordo com os rituais da Santa Madre Igreja?
Sim! Respondeu ele com voz firme e plenamente seguro de si.
Momentos depois, todos reunidos, comemoravam alegremente o casamento de Angelina Maria Pavan e José Saran. Era o dia 05 de novembro de 1921.05 de novembro de 1971! Cincoenta anos após. O pequeno povoado se transformou em uma grande cidade. A terra cedeu lugar ao asfalto. As pequenas casas de pau a pique ou de madeira, cederam lugar aos imensos arranha-céus. Nas ruas da cidade, transitam os mais modernos automóveis que tomaram o lugar dos cavalos. A cidade cresceu, possue ares de metrópole e seu povo continua trabalhando para que cresça mais ainda imbuído do espirito de pioneirismo que foi trazido pelos primeiros que aqui vieram.
05 de novembro de 1971! Cincoenta anos depois, uma enorme legião de filhos e netos representa o maior e melhor presente da união entre Angelina Maria Pavan e José Saran. Hoje, encarnecidos, nas múltiplas homenagens que seus descendentes e a cidade lhes prestam, uma lembrança terna e romântica, contínua.
Um sentimento inefável daquele momento doce que marcou o inicio destes cincoenta anos de vida em comum: temos a certeza de que com imensa saudade, com os pensamentos unidos
Angelina Maria Pavan e José Saran, voltam ao dia 05 de novembro de 1921, relem-
brando a capelinha humilde, o momento do sim, tudo, enfim, para em uníssono, com corações voltados para o Alto dizerem com toda a sinceridade: OBRIGADO SENHOR! OBRIGADO PELA NOSSA UNIÃO! OBRIGADO PELOS FILHOS QUE TEMOS! OBRIGADO, MUITO OBRIGADO PELA FELICIDADE QUE JAMAIS NOS FALTOU.
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