O antigo Pontilhão de Madeira que ficava onde hoje passa a Avenida dos Araçás, próximo à rua Fundador Vicente Franco, é lembrado com muito carinho por gerações de araçatubenses. Mais do que uma simples travessia sobre a Linha férrea, ele foi palco de histórias, encontros, brincadeiras e até medos que marcaram a vida da comunidade. Ele fazia a ligação da rua Prudente de Morais à rua Fundador Vicente Franco somente para pedestres e ciclistas.
Um marco na paisagem da cidade
Construído por volta de 1948, o pontilhão ligava bairros, encurtava caminhos e facilitava o acesso à Escola Luiz Gama e às casas além da linha. Do alto, era possível avistar parte do Bairro São Joaquim e até os telhados de comércios conhecidos, como o dos irmãos Sedelask. No prédio da esquina funcionou uma das primeiras Marcenaria de Araçatuba, que pertenceu ao Sr Guido Gabas, e ao lado funcionou Vidraçaria dos Irmãos Sedlacek.
Memórias da Comunidade
Muitos moradores guardam lembranças inesquecíveis do pontilhão:
- “Meus avós, Eliaquim e Dona Sula, moravam bem em frente. Eu e meus irmãos subíamos e descíamos o pontilhão até o dia em que contaram que pai e filho brigaram lá em cima após beberem. Nunca soube se era verdade ou invenção da vizinha para nos assustar.”
- “Lembro bem da Padaria Floresta e também da Padaria Paulista, a poucos metros dali. Eu atravessava o pontilhão todos os dias para levar o almoço do meu pai.”
- “A Família Assanuma tinha a mercearia na Praça São Joaquim. Comprávamos fiado por mês, com o Sr. Osvaldo e Dona Nazaré.”
- “Ficava horas sentado vendo os trens manobrarem. Aquilo me encantava. Mal sabia eu que um dia seria maquinista e faria manobras ali mesmo.”
- “Logo abaixo havia a mercearia da família Terra. O Professor Zélio Terra morava por perto. Brinquei muito com seus filhos, Silvio, Solange e Sandra. A marcenaria do Sr. Guido Gabas também ficava ali.”
- “Minha infância foi atravessar o pontilhão para estudar no Luiz Gama. Brincava subindo e descendo, escorregando pelo corrimão e levando chineladas por isso. Até um tombo de rolar escada abaixo eu levei.”
- “Nos anos 1970, bem embaixo dele, começava a feira livre. Era um ponto de encontro do bairro.”
- “Sempre tive medo de passar, porque as tábuas já estavam soltas. Eu só atravessava segurando a mão do meu avô Severiano da Cruz.”
Um lugar de saudades
O pontilhão também é lembrado pelos pequenos detalhes do entorno: a pensão Coloca na esquina da Prudente de Moraes, a feira, os comércios do Bairro São Joaquim, as Locomotivas soltando fumaça e até os encontros de vizinhos no dia a dia.
Para muitos, ele não era apenas uma ponte: era cenário de infância, da juventude e de momentos simples que hoje se transformaram em memórias preciosas.
“Esta foto é uma raridade. Conheci o pontilhão, mas nunca tinha visto uma imagem que mostrasse tão bem esse pedaço da história de Araçatuba.”
O pontilhão já não existe, mas permanece vivo na lembrança de quem atravessou suas escadas de madeira, observou os trens ao longe e fez dali parte de sua vida.
📷 A foto histórica do Pontilhão de Madeira na Fundador Vicente Franco, em Araçatuba, é um verdadeiro tesouro para a memória da cidade.








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